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[Crónica] ESC 2019: Portugal falhou. Israel não ficou atrás. A favorita triunfou


Não querendo ter de me sujeitar a apanhar as canas depois, vou, mesmo assim, arriscar: ainda bem que estamos a ir na direção de um país que vai assegurar uma realização digna da Eurovisão em 2020. E que engraçado estar a escreve-lo em tons de laranja, ainda por cima. 


Não vou querer alongar-me muito, mas vou dedicar alguns pontos àquilo que, inevitavelmente, esteve como os pontos essenciais de um ESC que teve de tudo menos uma realização consistente, ao contrário do que tínhamos sido habituados nos últimos tempos. Sim, Israel provou o oposto do que estávamos à espera. Apesar dos live shows terem decorrido sem problemas ou anotações de maior, o que vimos antes disso aproximou a organização do limiar do amadorismo. E, por isso, dedico as seguintes palavras. 

Sobre Israel:



Sediou em 1979. Sediou em 1999. Sediou em 2019. E eu ponho uma vela hoje para que não venha a acolher a competição em 2039.

Houve coisas boas em Israel, e não vou dar uma de ingrato, por isso esperem um pouco para as lerem. Mas foi tão mais fácil ficarmos irritados com as situações (caricatas) que íamos lendo sobre (tudo) o que corria mal na Expo Tel Aviv. No final, acho que vou esquecer esta Eurovisão muito mais depressa do que esqueci que a vitória do Azerbaijão em Düsseldorf. Ah, ainda tenho entalado essa manha de um júri dar, do nada, 12 pontos a uma música que ia acabar com um null points. Mas enfim, o prato que se serviu a seguir foi pela calada...


Sobre Portugal:



Sem dar spoilers e garantindo já uma publicidade ao artigo de amanhã, que se dedica inteiramente a Portugal, era inevitável eu não tocar no assunto. Porque também saí afetado. Porque também caí na armadilha, na ilusão, na esperança... enfim, numa realidade sobre a qual deveríamos ter tido, desde cedo, os pés bem assentes na terra. 

Portugal quis arriscar, e fez tão bem. É preciso abrir caminho a estes estilos que, de outra forma, poderiam passar tão ao lado, sem prestarmos qualquer tipo de atenção. Por mim falo, que, de certeza, não me iria cruzar com o nome de Conan Osíris se não fosse o Festival. E ele também não iria chegar a tantas outras bocas e palavras escritas se não fosse o Festival.

Mas mais que um risco tomado por Portugal, foi um risco tomado pela RTP, que ainda hoje me surpreende. Agradavelmente supreso na altura, claro. Mas que ainda hoje me faz questionar. Não querendo estar a incitar a outras coisas, foi-me interessante, desde logo, compreender como é que os ecos de uma 'primeira Europa' que ouvia "Telemóveis" num primeiro contacto teve esta influência tão grande, e que, sem dúvida, contribuiu para um resultado diferente naquele 2 de março. 

Salvador Sobral (2017) 12 pontos do júri na semifinal. 12 pontos do júri na final.

Cláudia Pascoal e Isaura (2018) 10 pontos do júri na semifinal. 10 pontos do júri na final.

Conan Osíris (2019) 7 pontos do júri na semifinal. 12 pontos do júri na final.

Enfim, esperávamos o 15.º lugar na semifinal? Eu não. Esperava antes uma qualificação? Sempre. Apesar de ter deixado o sonho dispersar quando se entendia que, afinal, podia ser mesmo difícil uma compreensão à primeira (vamos perceber que até aqui, entre nós, portugueses, aconteceu o mesmo). A Eurovisão é de primeiros contactos. Ou se marca à primeira vista, ou o lance é fora de jogo. A estratégia empurrou-nos para um cartão vermelho logo aos primeiros 15 minutos de jogo. Agora, vamos aprender com isso, aliás, já conseguimos chegar aos 90 + 2 minutos com um triunfo imbatível.


Destaques merecidos, ou as menções honrosas, decidam vocês:

Apesar de ainda estar com os ouvidos sensíveis de uma ou outra banda sonora mais irritante, a ideia dos postcards de 2019 foi criativa, original e muito bem conseguida, mesmo com metade da Europa a afirmar ser pés-de-chumbo. 

Com um irritante e outra tímida demais, deixem-me, numa breve nota, felicitar Erez Tal e Bar Refaeli pela sua mais correta e sóbria condução de alguns momentos do Festival. Tenho muitas saudades da Anke Engelke, mas a Alemanha gosta mais dos últimos lugares.

Se houve interval act de verdadeiro interesse ao longo deste ESC (Lisboa 2018 também não se pode gabar, ) foi com o momento proporcionado pelos Shalva Band. Obrigado, pela emoção!

Macedónia do Norte mudou de nome e mostrou que está na altura de a Europa ouvir e passar a chamar aquele país da forma correta!

A Suíça também dá um olá! e diz que veio para ficar (assim espero).

A Roménia endividou a sua emissora nacional para ficar atrás da Moldávia na semifinal 2, Moldávia essa que copiou a Ucrânia 2011, Ucrânia essa que tem... a Maruv.

Sobre Holanda 2020:



A minha canção favorita venceu. Para mim a melhor, para muitos outros a segunda melhor. Para um painel especialista, só no terceiro lugar. Tudo foi estranho nesta Eurovisão, mas, no final, triunfam os que merecem. E os resultados assim foram, espelhando um final merecido e verdadeiro. Desde 1980 que muita coisa mudou naquele país. E nós já estamos prontos para isso. 

Imagens: Eurovision.tv; Observador; Kyiv Post

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